quarta-feira, 11 de junho de 2008

Que Raio?

Sou só eu, ou há alguma coisa que não bate certo?

O direito a greve é universal e irrenunciável (se considerarmos o universo aqui o nosso cantinho chamado Portugal), como diz a lei da greve (lei nº65/77 de 26 de Agosto).

Em princípio, Concordo que se faça greve para lutar por melhores condições de trabalho e melhores salários, como aliás todos nós gostaríamos de ter. Agora, fazer da greve uma imposição para todos aqueles que, sendo do mesmo ramo, não a querem exercer começa a parecer-me errado.

Segundo penso saber (alguém que me corrija se faz favor, se eu estiver errado), um qualquer civil não pode parar um camião para exigir saber que tipo de mercadoria transporta. Só falta mesmo mandá-lo parar e pedir livrete e carta de condução. Essa função é das autoridades competentes para tal. Quem sou eu para obrigar (sim, obrigar, porque é disso que se trata) um colega de trabalho a não desempenhar a sua função só porque estou de greve?

Já aconteceu várias vezes fazer greve e não me vêem à porta da Escola a impedir quem quer que seja de entrar na mesma, ou melhor ainda fechar uma porrada de alunos e ameaçá-los de fome enquanto não me aumentarem o salário para o equivalente de um qualquer jogados da bola, que tem menos habilitações no corpo inteiro que eu tenho na unha do meu mindinho esquerdo(e se o meu mindinho é pequenino).

Em que raio de país estamos que uns quantos ameaçam e chegam mesmo a incendiar camiões só porque não estão de acordo com a sua posição? E ninguém sofre consequências? Pelos vistos a sensação de impunidade está a passar daqueles que estamos habituados a odiar (políticos e afins) para todos os outros. Parece-me muito grave.

cito:"Artigo 4º Piquetes de greve
A associação sindical ou a comissão de greve podem organizar piquetes para desenvolver actividades tendentes a persuadir os trabalhadores a aderirem à greve, por meios pacíficos, sem prejuízo do reconhecimento da liberdade de trabalho dos não aderentes. "

Está a ser respeitado? Não.

Mais:"Artigo 8ºObrigações durante a greve
1 – Nas empresas ou estabelecimentos que se destinem à satisfação de necessidades sociais impreteríveis ficam as associações sindicais e os trabalhadores obrigados a assegurar, durante a greve, a prestação dos serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação daquelas necessidades.
2 – Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se empresas ou estabelecimentos que se destinam à satisfação de necessidades sociais impreteríveis os que se integram, nomeadamente, em alguns dos seguintes sectores:
a) Correios e telecomunicações;b) Serviços médicos, hospitalares e medicamentosos;c) Salubridade pública, incluindo a realização de funerais;d) Serviços de energia e minas, incluindo o abastecimento de combustíveis;e) Abastecimento de águas;f) Bombeiros;g) Transportes, cargas e descargas de animais e de géneros alimentares deterioráveis;"

Está a ser respeitado? Claro que não.

Mas afinal o que é isto? Greve? Quando não respeita a lei da greve? Parece-me mais chantagem ou outro qualquer acto criminoso.

Podemos ter toda a razão do mundo, e não ponho em causa a razão de quem está em luta, mas a partir do momento em que não respeitamos as leis e os direitos dos outros estamos a cometer ilegalidades e perdemos a razão.

E não, nem me chateia muito não ter combustível, pois moro a 50 metros do trabalho, mas considero que deixa estragar comida quando tanta gente morre à fome e o país está em recessão nao é a melhor forma de defender os nossos interesses mas sim um acto cobarde e criminoso.

4 comentários:

Piquet 24 Horas disse...

Estou completamente de acordo. Parabéns!
É inadmissivel, quem são estes homens para se acharem no direito de obrigarem-nos a parar a nossa vida. É o país que temos.
Fátima

RK Sport Tips disse...

boas! realmente é demais!
ontem quando me dirigia para évora na entrada da cidade lá estavam a mandar parar os camiões e imagina com um BMW para se por a frente dos mesmos e obrigar mesmo a ter que encostar! triste!

abraços e bons treinos!

Pedro Caldeira disse...

Não podia estar mais de acordo contigo.
Isto levanta algo mais sério que é negociar com pessoas que não cumprem as leis, mas também os políticos muitas vezes não as cumprem, está certo...
Faz-me lembrar algumas greves na minha faculdade, em que fechavam os portões a cadeado e ninguém entrava, mesmo não querendo fazer greve que remédio tinhamos nós alunos e inclusive profesores e funcionários.
Abraços

Schlumpy disse...

"O direito a greve é universal e irrenunciável como diz a lei da greve (lei nº65/77 de 26 de Agosto)."

Nem tudo o que parece, é.

A título de exemplo, existem outras leis que anulam a universalidade desta. Por exemplo os militares não têm direito à greve. Serão cidadãos de segunda?